É descoberta superfamília de insetos que realiza
fotossíntese.

Tudo indica que nossos livros de Biologia sofrerão nova
revisão este ano, principalmente no que tange à diferenciação entre animais e
vegetais.
Afinal foi confirmada a capacidade da superfamília dos
afídeos de realizar fotossíntese de acordo com o artigo “Light- induced
electron transfer and ATP synthesis in a carotene synthesizing insect”
publicado na revista Nature desta semana pelos pesquisadores franceses Jean
Christophe Valmalette, Aviv Dombrovsky, Pierre Brat, Christian Mertz, Maria Capovilla e Alain Robichon.
Como antecipado aqui no Hypescience em maio de 2010, a
superfamília dos afídeos, que incluem os pulgões apresentam características no
mínimo desconcertantes. Além dessa suspeição de captar DNA de outros seres, são
capazes de realizar partenogênese. Em outras palavras as fêmeas dessa
superfamília procriam sem precisar de machos que as fecundem. Assim, as fêmeas
podem nascer grávidas e depois parir essas crias que também nascem grávidas, e
assim sucessivamente.
Agora, essa insólita superfamília figura também na
galeria dos seres autotróficos. Em outras palavras são capazes de realizar a
elaboração de nutrientes, de maneira análoga a das plantas, por meio de um
processo muito similar ao da fotossíntese.
De acordo com o citado artigo da Nature esses insetos são
os únicos entre os animais capazes de sintetizar pigmentos chamados
carotenoides. Pigmentos esses, típicos de vegetais, responsáveis pela regulação
do sistema imunológico e também pela elaboração de grupos de vitaminas, tais
como a vitamina A, por exemplo.
Sem dúvida é uma adaptação singular do fenótipo dessa
espécie de afídeo denominada “Pisum Acyrthosiphon”, com comportamento
selecionado em condições de baixa temperatura e caracterizada por uma aparição
notável de uma cor esverdeada que se altera para o amarelo-avermelhado.
A produção desses pigmentos carotenoides envolvem genes
bem específicos responsáveis, por exemplo, pela ação de cloroplastos típicos
dos vegetais e surpreendentemente presente no genoma do pulgão, provavelmente
por transferência lateral durante a evolução.
A síntese abundante desses carotenoides em pulgões sugere
um papel fisiológico importante e desconhecido muito além de suas clássicas
propriedades antioxidantes.
O artigo relata a captura de energia luminosa durante o
processo metabólico por meio da foto transferência de elétrons induzida a
partir de cromóforos excitados. Os potenciais de oxirredução das moléculas
envolvidas neste processo seriam compatíveis com a redução do NAD + coenzima.
Em, outras palavras, um sistema fotossintético – que mesmo sendo rudimentar – é
capaz de utilizar esses elétrons foto-emitidos no mecanismo mitocondrial a fim
de sintetizar moléculas de ATP, ou seja, fornecer energia útil para sustentar o
organismo em seu ciclo vital.
Além de modificar os conceitos clássicos em nossas aulas
de Biologia essa descoberta promete elucidar, entre outros enigmas da ciência
moderna, a forma como a vida tem evoluído em nosso planeta.
-o-
[Imagem: Pulgões - Acervo do Hypescience]
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